A consulta pré concepcional é fundamental para uma gestação saudável. Quando a família começa a planejar a gravidez, o ideal é procurar um profissional qualificado. De preferência alguém que tenha familiaridade com gestações de baixo risco e alto risco, para não correr o risco de precisar mudar de profissional no meio do caminho, e que a acompanhe, além do processo de engravidar, toda a gestação e parto.
O momento de agendar essa consulta é 6 meses antes de iniciar as tentativas, mas 3 meses já são suficientes na maioria das situações.
1. Encontrar o profissional certo
Ser paciente não é nada fácil. Encontrar alguém que tenha empatia, conhecimento técnico e que esteja apto a acompanhar seu caso pode ser difícil. Além disso, dificuldades como localização e horário de atendimento podem ser cruciais para o acompanhamento com determinado profissional. É importante que todos os fatores estejam alinhados durante o seguimento de pré natal, pois é um processo relativamente longo que envolve muitos encontros.
Por mais que a gestação pareça longa, demorar muito tempo para achar seu obstetra, já estando grávida pode ser um grande problema. Isso pode significar perder etapas importantes, como exames que tem intervalo específico para serem realizados, ou até mesmo significar atraso no início de um tratamento específico. Além disso acaba sobrando pouco tempo para alinhar espectativa quanto a assuntos importantes, como a assistência ao parto. Por isso, quanto antes o encontro desse profissional melhor.
2. Entender o processo e o tempo
Engravidar pode demorar mais de tempo do que muitas pessoas imaginam, e ainda estar dentro de uma prazo considerado normal e esperado. Alguns casais conseguem engravidar no primeiro mês de tentativa, mas isso é uma minoria.
Vamos ver alguns dados que nos ajudam a entender melhor essa jornada:
- A chance de engravidar a cada ciclo menstrual é de 20%;
- 80% dos casais conseguem engravidar nos primeiros 6 meses de tentativas;
- Esse número sobe para 90% após 12 meses de tentativas;
- A frequência que o casal tem relação influencia no resultado.
Saber que a gravidez pode não acontecer no primeiro mês de tentativa, e o que é esperado ou não para cada casal, pode diminuir a ansiedade e frustração que são comuns nesse processo, tornando-o mais leve e prazeroso.
Com o auxílio do seu ginecologista, na consulta pré concepcional é possível entender como funciona seu ciclo, passo fundamental nesse processo. Na consulta é também possível avaliar se o casal possui algum risco ou condição que possam dificultar as tentativas de gravidez natural, e que devam ser investigadas de prontidão, evitando uma perda de tempo (e até diminuição das chances de sucesso).
3. Avaliar como está sua saúde na consulta pré concepcional
Rastreamento
Na consulta pré concepcional, além de avaliar toda a parte gestacional, é uma oportunidade para ver a saúde como um todo. Nesse momento o seu ginecologista deve aproveitar e fazer o rastreamento de doenças preconizadas, como o do HPV e de câncer de mama (se já for necessário no seu caso).
Investigação
Algumas doenças podem estar presente, mas não causar sintomas porque elas são silenciosas. Diabetes, pressão alta e alterações de tireóide são alguns exemplos. Se houver algum motivo que indique sua investigação, como um aumento de risco familiar, idade ou até de fatores de riscos pessoais, além de rastreamento pré concepcional, exames específicos devem ser solicitados.
Realização de exames
Algumas condições de saúde (ou a sua suspeita) requerem exames para a confirmação. Porém nem todos exames são seguros de fazer na gestação. Por exemplo, tomografia deve ser evitada em gestantes, pela radiação. Outros exemplos são ressonâncias que precisam de algum tipo de contraste, ou exames que precisam de sedação como endoscopia ou colonoscopia.
Caso a demanda do exame surja durante a gravidez, seu médico irá avaliar a necessidade e possibilidade de realização. Mas quando for possível realizar antes evita um problema e também mesmo riscos (mesmo que baixos) ao bebê que está por vir.
Tratamento
Muitas vezes algum diagnóstico pode ser descoberto nesse processo, e esse requer tratamento . Alguns tratamentos, como a realização de iodoterapia (para condições específicas de tireóide) devem ser finalizados antes de engravidar. Sendo assim, a descoberta na consulta pré concepcional evita um atraso no tratamento, e assim, um agravamento da doença.
Outros tratamentos contínuos deverão ser ajustados quando uma gestação aparece nos planos. Fazer o controle de doenças pré existentes como diabetes, hipotireoidismo e pressão alta interferem, não só nas taxas de sucesso para engravidar, mas principalmente na saúde materno-fetal
Além disso, como essas condições muitas vezes envolvem uso de remédios. Ajustar para os que são permitidos na gravidez, durante o período pré concepcional é importante por alguns motivos:
- Alguns remédios podem fazer mal ao feto, mesmo no início da gravidez;
- O ajuste de medicações pode levar algum tempo para atingir o efeito esperado, e esse descontrole pode prejudicar a gravidez;
- Alguns remédios podem apresentar efeitos colaterais podendo gerar sintomas indesejados na gestante.
Por esses motivos, um planejamento medicamentoso correto e acompanhamento, iniciado na consulta pré concepcional se mostra imprescindível.
Se quiser saber mais sobre a pressão alta na gravidez e os remédios que devem ser ajustados, clique aqui.
4. Melhorar e ajustar hábitos e estilo de vida
O momento de se preparar para uma mudança tão brusca, quanto a chegada de um filho pode ser uma oportunidade para melhorar alguns hábitos de vida.
Um ótimo exemplo é a cessação do tabagismo. O cigarro é prejudicial para a gestação, e parar de fumar antes de engravidar diminui uma série de riscos, como prematuridade e restrição de crescimento fetal. Além disso, se habituar a comer melhor e iniciar atividade física, é muito melhor quando antes de todas as modificações de uma gravidez (e algumas limitações que acompanham) estarem presentes.
Outro hábito que precisa ser revisto nesse momento é o etilismo. A bebida alcoólica não é segura para a gestante, em nenhuma dose. O ideal é cessar o uso desde o período pré concepcional, pois mesmo no momento que a paciente ainda não sabe que está gestante, o consumo pode ter efeitos no feto.
5. Iniciar o ácido fólico
Que as vitaminas são importantes na gravidez todo mundo sabe. Porém tem uma vitamina em específico, que deve ser iniciada antes de engravidar. Mais precisamente 3 meses antes, momento mínimo para agendamento da consulta pré – concepcional.
A suplementação do ácido fólico nessa fase é capaz de diminuir as chances de o bebê ter uma condição chamada de meningomielocele (popularmente chamada de espinha bífida). Isso pode levar a diversas complicações à criança, como dificuldades neurológicas, de de andar e de urinar, além de necessidade de diversas cirurgias.
Pode ser que você tenha ouvido falar do metilfolato para essa situação. Isso porque essa é a substância em que o ácido fólico se transforma dentro do corpo, e que tem a ação que nós desejamos. O uso do metilfolato, que é mais caro, não é necessariamente melhor que o ácido fólico Por mais que faça sentido de forma lógica, já que não necessita que o corpo da gestante metabolize o ácido fólico e transforme em metilfolato, ainda não há estudos que comprovem essa superioridade .
Mas há um ponto de atenção. Há indício que o excesso da suplementação de ácido fólico, além de não ser necessária, pode ser um pouco prejudicial. Ainda não se tem certeza quanto a isso, mas não há motivo para preocupação. A maioria dos polivitamínicos de gestante já tem a quantidade recomendada, e já está protegendo seu futuro bebê.
6. Colocar a vacinação em dia
Muitas vacinas são realizadas na gravidez, e fazem parte da rotina de pré natal. Porém algumas, como a da dengue por exemplo, são proibidas em gestantes. Estar com a vacinação em dia é uma proteção não apenas para a mãe, mas principalmente para o bebê, pois algumas infecções podem cursar com maiores riscos de sofrimento fetal, parto prematuro e doenças graves para as mães. Sendo assim, olhar para toda a carteira de vacinação e atualizar antes de engravidar, deixa a gestação mais segura e tranquila.
Clique aqui para encontrar todos oscalendários de vacinação, de adultos e gestantes.
7. Investigar algumas sorologias que possam ser prejudiciais
Algumas doenças infecciosas podem sem perigosas na gravidez, não só para as mães mas também para os bebês. E em alguns casos, se a doença acontecer nos 3 meses antes de engravidar, há risco de transmissão para o bebê, podendo acarretar com complicações e malformações fetais.
São alguns exemplos
- Toxoplasmose;
- Citomegalovírus;
- Zikavírus (mais importante em regiões com maior risco de transmissão);
- Sífilis.
Então, a consulta pré concepcional serve, tanto para investigar as sorologias, e tratar caso seja necessário, mas principalmente, para aprender a como evitar o contágio e planejar o melhor momento para iniciar as tentativas de forma segura.